Conferencias de la Universidad Nacional de Córdoba, IX Encuentro AFHIC / XXV Jornadas Epistemología e Historia de las Ciencias

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Sobre a noção de causalidade final na obra de Charles S. Peirce
Max Rogério Vicentini

Última modificación: 21-08-2014

Resumen


Este trabalho é dedicado à apresentação e discussão das principais características atribuídas à noção de causa final na obra de Peirce. Para Peirce a explicação dos fenômenos naturais fornecida apenas com base na atuação da causa eficiente é claramente insuficiente. A causalidade final é necessária para a construção de esquemas de explicação que possam oferecer uma imagem adequada do real. Embora sejam diametralmente opostas, causa final e causa eficiente se relacionam de maneira complementar. A tarefa que nos propomos aqui é a de investigar de que modo se dá a atuação da causalidade final na natureza segundo a concepção peirceana. O modelo que nos é mais familiar da atuação da causalidade final é a ação propositada. No entanto, adverte-nos o autor, esse é apenas um tipo de causa final, e não o mais expressivo, mas que já coloca em evidência a primeira característica que ele atribui à causa final e que não é reconhecida pelos detratores dessa noção: ela não é um fato concreto, é sempre geral. Considerá-la como um evento concreto no futuro, que exerce uma influência sobre o desenrolar dos processos de acontecimentos do presente, dirigindo-os para um determinado fim, é um erro categorial. Em segundo lugar, embora as causas finais não sejam eventos futuros, elas exercem certa influência a partir do futuro. É preciso não esquecer que a distinção entre passado, presente e futuro realizada por Peirce, deixa claro que cada momento está imerso em um fluxo contínuo, cujas fronteiras não estão determinadas de forma precisa e absoluta. O modo de efetivação dessas três componentes do tempo é, no entanto, bastante diferente. O passado se impõe e determina, não de maneira absoluta, o modo que o presente se efetiva. O presente se efetiva como possibilidade sempre aberta ao novo. O modo de efetivação do futuro é a mediação. Se existisse apenas a atuação do passado na determinação dos eventos presentes, teríamos um mundo bastante diferente do atual, no qual as regularidades seriam absolutas, o que equivale a dizer que das mesmas causas, os mesmos efeitos seguir-se-iam, formando um sistema perfeitamente adequado à descrição mecanicista. Fosse o presente absolutamente indeterminado, teríamos apenas a manifestação de potencialidades absolutamente livres, sem a possibilidade de estabelecimento de qualquer relação entre duas ou mais realizações, que, ademais, nem mesmo poderiam ser descritas como espaciais ou temporais, que são formas de mediação e, portanto, expressões do geral. Em uma palavra, teríamos o caos, o mesmo que Peirce descreve como condição original e necessária do cosmo. Essas são imagens possíveis e até mesmo coerentes, mas inadequadas para a descrição do mundo que a experiência nos revela estar em constante processo de vir a ser, descrito por Peirce como evolucionário ou em crescimento. A atuação da causalidade final é uma hipótese necessária para podermos compreender o desenvolvimento dos processos naturais. A mediação que a ideia geral realiza entre a imposição cega do passado e a originalidade ilimitada do presente é sintetizada pelo autor na ideia de um ser in futuro. As ações teleológicas ou finistas, como denomina Peirce, possuem duas características: tendem para um estado final de coisa e são irreversíveis. Está implícita aqui uma espécie de superioridade da causa final em relação à causa eficiente. A primeira controla a última a fim de que um resultado com certo caráter geral seja obtido. Ou, dito de outra maneira, as causas finais determinam as causas eficientes de tal modo que elas próprias (as causas finais) se realizem. As ideias, diz o autor, possuem a capacidade de criar as condições para a sua realização.


Palabras clave


teleologia; Peirce; explicação